quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Más notícias para uns / Boas notícias para outros

Transferência de firma empobrece concelho

Empresa anunciou o abandono das instalações do Parque Industrial de Celeirós e deverá construir edifício de raiz em Santo Tirso



Transferência, a médio prazo, da empresa Internorplaste de Celeirós, Braga, para Santo Tirso não só deixará mais pobre o concelho, como põe, mais uma vez, a nu todas as fragilidades de um parque industrial que, acusam empresários e Oposição, carece de planeamento. O que acontecerá aos 70 trabalhadores é uma dúvida, por enquanto, sem resposta; mas, ao que o JN apurou, os funcionários têm de decidir se migram com a firma.A Internorplaste, do grupo Plastimar, com sede em Peniche, tem vindo a crescer. Para o presidente da Associação das Empresas do Parque Industrial de Celeiros (AEPIC), Francisco Marques, tornou-se evidente que, sem o devido incentivo, só um golpe de mestre poderia impedir uma migração. "Suponho que a ideia será construir uma fábrica de raiz. Como aqui não lhe são dadas condições…", refere.Tem havido queixas contra a firma, orquestradas por moradores de urbanizações novas, devido ao barulho e à poluição, que serão, afinal, silenciadas por uma deslocalização desavinda. "Com as perspectivas de crescimento, se os 70 trabalhadores passarem a 120, significa que Braga perdeu 50 postos de trabalho", exemplifica a AEPIC. O PSD, recorde-se, culpa a Câmara pelas lacunas de planeamento e pela inércia na captação de investimento. Segundo afirmaram, a Internorplaste quis alargar-se mas não teve para onde nem como. O argumento é totalmente rebatido pela Câmara que, em declarações ao JN, garantiu estar disponível para encontrar soluções conjuntas, caso alguma empresa a procure com o intuito de se expandir. Embora ressalve "que o município não se imiscui nos investimentos e interesses privados" há indicações de total abertura e o esclarecimento de que a Internorplaste nunca apresentou qualquer proposta ou pedido de colaboração para alargar as instalações. Embora não se consiga chegar à fala com os funcionários, sabe-se que estes estão também numa situação complicada. A deslocalização sem data marcada- ainda só foram comprados terrenos em Santo Tirso- deixa-lhes uma decisão de peso percorrer duas horas de viagem, ida e volta, ou ir para o desemprego. "Nem todos vão aceitar ir", estima Marques.A administração da empresa, em Peniche, está de férias, incontactável. O responsável local, Joaquim Maia desdramatizou todas as "politiquices", falou no "ambiente normal" que se vive na empresa e recusou-se a confirmar se chegou a haver uma proposta concreta de expansão. Quanto à questão do licenciamento de novos prédios de habitação no perímetro que encosta ao parque, com todos os problemas que daí decorrem, da parte da Câmara nada houve a declarar. "Os habitantes da rua da Igreja, por exemplo, estão fartos de se queixar, mas a empresa já aí estava", sublinha, por seu turno, o presidente da AEPIC. Ao último licenciamento, um prédio encostado à Internoplaste, a firma decidiu acautelar-se, redigindo uma carta à associação onde se iliba de culpas, caso outros decidam queixar-se. "Isto é um parque de indústria de classe I. Ruído vai ter sempre", ironiza
.


http://jn.sapo.pt/2006/08/30/minho/transferencia_firma_empobrece_concel.html

segunda-feira, 14 de agosto de 2006


Investigação de ponta na UM com projecto para a Ford Motors

O Instituto de Polímeros e Compósitos (IPC) da Universidade do Minho arranca em Setembro com um projecto científico e de investigação, em cooperação com a "Ford Motor Company" para o desenvolvimento de peças de segurança para a indústria automóvel cujo principal objectivo é encontrar o melhor desempenho mecânico ao impacto. Depois da toda a parte logística estar já concluída, a equipa universitária começa a trabalhar depois do Verão "A peça que vamos testar é segredo, mas posso dizer que está situada no interior do carro", começa por explicar um dos coordenadores do projecto.

Ricardo Simões está convencido de que este tipo de trabalho "é absolutamente crucial no desenvolvimento de soluções de segurança que diminuam as situações de acidente envolvendo automóveis". Abrangendo todas as fases da investigação, desde a científica, passando pela simulação e acabando na experimental, este projecto vai também permitir "criar modelos computacionais que possam depois ser usados noutras peças de automóveis".

Para o investigador da UM, "a segurança ligada a componentes do interior do automóvel (tabliers, pilares, consola ou coberturas de airbags) é um factor de preocupação acrescida no projecto destes componentes e requer um conhecimento acrescido do comportamento dos materiais utilizados".A empresa americana disponibiliza para esta investigação 240 mil dólares, distribuídos por três anos. Júlio Viana, Gustavo Dias e António Cunha compõem, para além de Ricardo Simões, a equipa que vai trabalhar nesta parceria para compreender "melhor os fenómenos associados ao impacto de peças de plástico, o que irá permitir o desenvolvimento de novos produtos".

A realidade portuguesa na área dos componentes para automóveis é diferente da indústria de montagem "No caso dos componentes, a maior parte da produção nacional é exportada, para além de uma já significativa produção fora de Portugal por parte das nossas empresas", o que para Ricardo Simões é sinal de que "a indústria nacional tem vindo a aumentar a sua capacidade concorrencial e de afirmação a nível internacional".

Estudo para a Air Force

O IPC estabeleceu também um protocolo de cooperação científica com a "Air Force Research Laboratories" com vista à criação de modelos computacionais que "estudem os fenómenos responsáveis pelo comportamento mecânico e eléctrico de compósitos de matriz polimérica reforçados com nanofibras de carbono". Segundo Ricardo Simões, é do conhecimento geral que "a inclusão de nanofibras altera o comportamento matriz dos materiais. O que se pretende é arranjar modelos computacionais que prevejam as propriedades destes materiais, apontem as suas lacunas e as resolvem no imediato", exemplificando "A ideia é que um problema numa asa depois de detectado seja imediatamente corrigido ou minimizado através de um programa computacional que, entretanto, identifica o tipo de material e a sua composição". 25 mil euros investidos e um investigador a tempo inteiro.

http://jn.sapo.pt/2006/08/14/norte/investigacao_ponta_um_projecto_para_.html