terça-feira, 8 de novembro de 2005

Peça biodegradável para carros

A Universidade do Minho (UM) está a desenvolver o protótipo de um componente automóvel a partir de produtos naturais, como o amido de milho e a celulose. O objectivo é substituir o plástico convencional da tampa do altifalante da porta do condutor por uma peça natural com "impacto zero no ambiente". Este acessório biodegradável será apresentado à indústria automóvel no final do ano.
Este projecto é desenvolvido pelo Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) - a funcionar no pólo da UM, em Guimarães -, pelos departamentos de Biologia e Engenharia Biológica da UM (Braga), pela Universidade de Vigo e pelo Centro Tecnológico de Automoción de Galicia (CTAG). A investigação, que é financiada pelo Interreg em 75%, custa cerca de três milhões de euros e arrancou em Julho de 2004.
António Cunha, um dos investigadores, explicou que o projecto termina em Dezembro deste ano, altura em que a equipa apresentará o protótipo da tampa do altifalante da porta do condutor à indústria automóvel.
Esta investigação vai ao encontro das necessidades da indústria automóvel que, cada vez mais, procura introduzir materiais com menor impacto ambiental. "A maior parte dos plásticos é adquirida sinteticamente. Se os conseguirmos obter a partir de produtos naturais, o impacto ambiental será reduzido", sublinhou.
Por isso, a equipa está "a desenvolver soluções de materiais compósitos a partir de matrizes poliméricas naturais - amido ou ácido láctico - e reforços naturais - a celulose".
Os investigadores querem, assim, usar materiais de origem natural, reforçados com fibras também naturais, com propriedades capazes de resistir às especificações exigidas pela indústria automóvel.
O também presidente da Escola de Engenharia disse que "a única peça comercial que existe, em plástico natural com fibra, é a cobertura do pneu suplente do Toyota Raum, que é fabricada em poliácido láctico, reforçado com fibra Kenaf (é uma fibra natural de uma planta asiática)".
No futuro, a equipa pretende usar proteínas em vez do amido de milho, mas sem disparar o custo de venda dos veículos no mercado. Também tenciona trabalhar directamente com a indústria automóvel, incluindo a europeia, noutro tipo de componentes biodegradáveis.
Este protótipo surge no âmbito do projecto NaturPlas, que visa a criação de um centro virtual de desenvolvimento de compósitos biodegradáveis.
Segundo António Cunha, o NaturPlas destina-se a "tentar desenvolver métodos e explorar possibilidades de aplicação de materiais naturais (plásticos de origem natural com fibras naturais) em aplicações convencionais, nomeadamente para a indústria automóvel".
in Diário de Notícias 7 de Novembro 2005

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